Os cachorros que serão transferidos para uma ONG em Petrolina certamente deixarão saudades para Antonio Pezinho, que já tinha como lazer em Sobradinho o embarque e desembarque no seu barquinho a motor, quase todos os dias, para levar a ração ou comida muita vezes feita lá mesmo ao fogo à lenha. Pezinho disse ter ficado triste quando certa vez, um pescador desconhecido ao se a aproximar do rancho, foi recepcionado por um dos cachorros, o único de cor preta da família, "e o pescador anti-animal e racista o matou com uma pecheirada". A Chesf está dando todo o apoio junto à ONG no recolhimento dos animais.
Sem saber de onde vinham tantos cachorros a se aproximar da Subestação da Chesf em Sobradinho, a gerência começou a investigar o paradeiro e descobriu que aqueles cachorros tinham um dono conhecido na cidade como Antonio Pezinho. Pezinho foi procurado por três gerentes da Chesf, que também são defensores de animais, inclusive um deles, o Edson, cria muitos cachorros, mas de raça e em sua própria casa.
A Chesf alegou para Pezinho que os cachorros estavam levando perigo para um possível desligamento na Subestação, correndo risco de causar um possível apagão nacional e por essa razão os animais precisariam ser retirados para evitar um dano. Uma ONG em Petrolina ao tomar conhecimento do fato procurou a Chesf e Antonio Pezinho e se comprometeu a fazer o recolhimento.
Antonio Alves de Oliveira (Pezinho) que cuida dos animais há mais de 20 anos disse não ter nada contra a retirada dos cachorros, que ele cuida com tanto carinho, desde que os cuidados possam ser melhores e que não lhe seja proibido a visitá-los na ONG.
Para se ter uma ideia do amor dos cachorros com Pezinho, ao chegarmos de barco no rancho, um dos 28 cachorros se jogou nasDSC_0023 águas para o encontro de quem lhe dar amor, carinho e comida todos os dias. Ao descer do barco, o abraço, menos para a nossa reportagem que por pouco não foi atacada pelos vira latas, se não fosse Pezinho se interferir na nossa defesa pedindo-os que parassem, "Parem, deitem". E o atenderam mesmo.
Pezinho, que estava em companhia do amigo Edimilton Bahia, disse que tudo começou quando um amigo dele, pescador começou a criar nesse mesmo local, próximo a Subestação da Chesf um casal de cachorros que aos poucos foi se multiplicando. "Depois, ele precisou ir embora e pediu a Pezinho para cuidar de seus cachorros. Pezinho que já frequentava o ambiente dos cachorros quando ia pescar nos finais de semana, aceitou o desafio e até hoje, já fazem mais de 20 anos que ele cuida dos animais que apesar de alguns já terem morrido, mas ainda tem uns 28 a 30", relatou.
Perguntado como vai ser ficar sem seus amigos, quando a ONG vier buscá-los, Pezinho disse que vão lhe fazer muita falta, mas se for para lhes oferecerem uma vida melhor, ele aceita, até porque não vai deixar de visitá-los onde estiverem.
Pezinho informou ainda que a matriarca e tataravó morreu há poucos dias e o patriarca, mesmo sendo o mais velho da família, mas é o único que usufrui das cadelas no cio. Ao chegarmos ao rancho, ele não estava, tinha somente uns 15 a 17 cachorros porque os outros estavam na mata seguindo duas cachorras que, segundo Pezinho, "estão no cio, mas só o líder usufrui do amor, os outros, coitados, penam".
Os animais que viviam distantes da subestação passaram a se aproximar da mesma quando algumas pessoas por lá começaram a dar resto de comida para alguns dos cães que por ali passavam e em seguida, parte dos cachorros começaram a ficar andando do aconchego deles para as proximidades da subestação, muitas vezes caçando preá ou outros bichos para comer.
Edimilton Bahia acredita que um dos riscos e medo da Chesf é um cachorro desses correr atrás de um gato ou outro animal qualquer que suba num daqueles postes da subestação e cause um desligamento. Para evitar um prejuízo maior, nada melhor do que tomar as medidas necessárias com antecedência.
A Notícia do Vale/Fotos: Luiz Washington
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